Ponto cego: O ponto de vista que não se viu


Cegos, mas perigosos.

Cego, mas nem tanto

Lendo os dois artigos do Pf. Valberto, “Sessão ponto de vista: ser power ou não ser power” e “Sesão ponto de vista – segunda parte – o outro lado”, ao ir comentar o artigo o post ficou tão grande que imaginei um terceiro ponto de vista: A mistura dos dois!

Não pretendo aqui ser tão brilhante como Valberto, mas apenas uma forma de comentário mais avançada. Também não pretendo fazer isso de novo, mas se surgir a idéia não vou recuar!

Para resumir os dois artigos falam daquela época onde tramas de salvar a filha do fazendeiro já eram uma grande emoção, e o outro mostra os tempos atuais onde salvar a filha de um deus (ou em alguns casos o próprio deus) é o que torna a aventura interessante, ou seja, a chance de serem Lendários com uma tacada!

Os dois artigos são muito bons, e realmente os dois pontos de vista são validos. Mas um terceiro ponto de vista pode ser criado, principalmente como fonte de apimentar um dos dois pontos de vista.

Imagine aquele grupo de jogadores que está se dispersando de sua mesa, as campanhas estão sem graça, e muitos começam a faltar. Então você pode simplesmente tornar aquele plot “chato” que estava expulsando os jogadores de sua mesa em um verdadeiro épico! Ou então os jogadores após salvar 2d4 reinos então já se perguntando: qual é o próximo reino que salvaremos? E surge aquela missão ralé que irá fazer todos se entre olharem e após a primeira hora começam a perceber que o buraco é mais em baixo. Nos dois casos você tem uma boa chance de atrair a atenção deles.

A mistura deles pode ser muito boa. Como exemplo mais concreto imagine um grupo de 10 nível que sai para salvar a princesa do reino, todos já se perguntam: Vamos ter que despachar um bando de seqüestradores bunda moles? E diante do percurso se deparam com uma trama onde, só pra apimentar, a própria princesa aderiu a um culto maligno e planeja ressuscitar um deus/deusa maligno através de seu próprio sacrifício! (Para quem não se lembra essa trama é similar ao filme “Conan, O Destruidor”).

M. Night Shyamalan, o mestre das reviravoltas nas tramas

M. Night Shyamalan, o mestre das reviravoltas nas tramas

Começar com um conceito simples, e quebrá-lo em uma trama mais aterrorizante é juntar o melhor dos dois mundos! Na verdade o “Plot twist” (reviravolta da trama) é o que faz os telespectadores gostarem ou não de um filme ou livro. Imagine Senhor dos Anéis se durante moria eles tivessem fugido ou destruído o Balrog, e durante o ataque dos urukrai, eles tivessem derrotados todos os orcs, e rumado direto para os portões de Mordor, e através de muita ação, conseguido jogar o anel no vulcão onde ele foi forjado! Uma trama cheia de ação, mas com pouca emoção.

Acho que esse é o maior problema de muitas aventuras épicas do RPG atualmente, não há reviravolta. Se acharem que apenas usar os poderes dos personagens em situações desafiadoras em combate, sem nenhuma reviravolta, é o divertido em uma aventura, posso dizer que adoraria a Libertação de Valkaria, mas passar por 20 Dungeons/desafios sem nenhuma trama real, essa aventura passou despercebida por mim, e semana passada quando tive na casa de um primo e vi a aventura em cima da cama, não me dei ao esforço de folheá-la.

Por isso, sempre que sentir que as coisas não estão dando certo na campanha, cria algo que acorde os jogadores, o surgimento de um traidor (mesmo que inicialmente ele não tenha sido elaborado para isso), a descoberta que o vilão está fazendo o que faz apenas para salvar o mundo de um mal maior, e aquele reino que eles acabaram de salvar possui uma economia baseada em minas de metais onde escravos são usados sem nenhum pudor (mas escondidos da sociedade para não transparecer os “ideais humanitários”). Essas tramas são abordadas aos montes nos filmes e outros meios, e sabendo disso você pode tentar detectá-las para usar em suas aventuras. Mas tome cuidado, daqui pra frente pode parecer que os filmes não tenham mais a mesma graça!

7 Respostas to “Ponto cego: O ponto de vista que não se viu”

  1. Plot twist é essencial, sempre bom lembrar.
    Às vezes esquecemos desse elemento de tempero e nos perguntamos “o que há de errado na minha história?”

  2. Valeu o comentário Alexandre, e corrigi o “Plot twist”. realmente, independente da história, terror, baixo nivel, épica, artes marciais, supers… a reviravouta é que dá o gosto!

  3. Cara, obrigado pelos elogios. Não sou assim como vc disse, mas foi bom ler…
    De qaulquer forma eu gostei muito do que vc escreveu. O Plot Twist é uma das ferramentas que mais uso. Adoro ver a carra dos jogadores do tipo “Ué… esse cara não era mal?”

  4. Boas colocações!

    Gilson

  5. Com certeza uma boa reviravolta na campanha é de deixar os jogadores boquiabertos em certas situações. Já senti isso como jogador e como mestre, mas ficou marcado na minha memória um inimigo [desvantagem, jogando Gurps] que salvou minha vida, simplesmente para me avisar que eu morreria pelas mãos dele e não nas tramas de qualquer um. Imagina a cara de tapado do jogador que vê seu inimigo mortal o ajudando…
    Reviravoltas sempre são importantes…
    Só um detalhe, esse acontecimento aconteceu numa mesa do Emilson, do blog RPG Sem Compromisso…

  6. Muito boa essa história do vilão ajudando o heroi só pra poder matar-lo depois 🙂

  7. […] Poder da marca e da propaganda! Mais um comentário (em resposta mais uma vez de um artigo do Lote do betão) que vira um […]

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